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domingo, 21 de julho de 2013

Viagem e visita ao concelho de Faro

Brasão de Faro

Localização

         Faro é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Faro, da região, sub-região e ainda da antiga província do Algarve que ocupa uma área de 5,412 km², é sede de um município com 201,59 km² de área e subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte e oeste pelo município de São Brás de Alportel, a leste por Olhão, a oeste por Loulé e a sul tem costa no Oceano Atlântico. Através do Aeroporto de Faro, a cidade constitui a segunda maior entrada externa do país (a seguir a Lisboa), o que lhe confere uma valência vincadamente cosmopolita.
Limitado a Norte e Oeste pelo concelho de São Brás de Alportel, a Este por Olhão, a Oeste por Loulé e a Sul pelo Oceano Atlântico, é um concelho composto por seis freguesias: Sé, São Pedro, Santa Bárbara de Nexe, Montenegro, Conceição e Estoi. Este concelho agrega seis freguesias e 63 lugares. São Pedro, Sé e Montenegro são consideradas urbanas, Santa Bárbara de Nexe e Conceição medianamente urbanas e Estoi é a única que se enquadra como predominantemente rural.



História :

           Os primeiros marcos remontam ao século VIII a.C., ao período da colonização fenícia do Mediterrâneo Ocidental. Seu nome de então era Ossonoba, sendo um dos mais importantes centros urbanos da região sul de Portugal e entreposto comercial, integrado num amplo sistema comercial, baseado na troca de produtos agrícolas, peixe e minérios. Entre os séculos III a.C. e VIII d.C., a cidade está sob domínio Romano e Visigodo, sendo conquistada vindo a ser conquistada pelos Mouros no ano de 713 d.C, os quais ergueram ali uma fortificação (reforçada por uma nova muralha erigida a mando do príncipe mouro Bem Bekr, no século IX). Durante a ocupação árabe o nome Ossónoba prevaleceu, desaparecendo apenas no século IX, dando lugar a Santa Maria do Ocidente; era então capital de um efémero principado independente. No século XI passa a designar-se Santa Maria Ibn Harun e o nome de Ossonoba começa a ser substituído. A cidade é fortificada com uma cintura de muralhas, na sequência da independência de Portugal, em 1143, o primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques e os seus sucessores iniciam a expansão do país para sul, reconquistando os territórios ocupados pelos Mouros. Depois da conquista por D. Afonso III, em 1249, os portugueses designaram a cidade por Santa Maria de Faaron ou Santa Maria de Faaram.
Nos séculos seguintes, Faro tornou-se uma cidade próspera devido à sua posição geográfica, ao seu porto seguro e à exploração e comércio de sal e de produtos agrícolas do interior algarvio, trocas comerciais que foram incrementadas com os Descobrimentos Portugueses, tem, nesse período, uma importante e activa colónia judaica que no final do século XV imprime localmente o Pentateuco, o primeiro livro português. A comuna de Faro terá sido sempre uma das mais distintas da região algarvia e das mais notáveis do País, em todos os tempos, com muitos artesãos e muita gente endinheirada, sendo frequentes no século XIV as ligações comerciais de judeus e cristãos. A manifesta prosperidade dos judeus farenses no século XV é interrompida pela carta patente de Dezembro de 1496 em que D. Manuel I os expulsa de Portugal, caso não se convertessem ao catolicismo.
Assim, oficialmente, e só neste sentido, deixaram de existir judeus em Portugal, o que também aconteceu em Faro, sendo que, no local onde estava implantada a judiaria, na Vila Adentro, tivesse sido mandado erigir pela terceira esposa de D. Manuel I o Convento de Nossa Senhora da Assunção.
O Rei D. Manuel I promove, em 1499, uma profunda alteração urbanística com a criação de novos equipamentos na cidade - um Hospital, a Igreja do Espírito Santo (Igreja da Misericórdia), a Alfândega e um Açougue - fora das alcaçarias e junto ao litoral. Em 1540, D. João III eleva Faro a cidade e, em 1577, a sede do bispado do Algarve é transferida de Silves para Faro. O saque e o incêndio, em 1596, pelas tropas inglesas de Robert Devereux, 2.º Conde de Essex, danificaram muralhas e igrejas, e provocaram elevados danos patrimoniais e materiais na cidade. Os séculos XVII e XVIII são um período de expansão para Faro, que foi cercada por uma nova cintura de muralhas durante o período da Guerra da Restauração (1640 - 1668), que abrangia a área edificada e terrenos de cultura, num vasto semicírculo frente à Ria Formosa.
Em 1 de Novembro de 1755, a cidade de Lisboa é arruinada por um grande Sismo que devido à sua intensidade provocou, igualmente, estragos em outras cidades do país, sobretudo no Algarve.
A cidade de Faro sofreu danos generalizados no património eclesiástico, desde igrejas, conventos até o próprio Paço Episcopal. As muralhas, o castelo com as suas torres e baluartes, os quartéis, o corpo da guarda, armazéns, o edifício da alfândega, a cadeia, os conventos de S. Francisco e o de Santa Clara, foram destruídos e arruinados, até finais do século XIX, a cidade manteve-se dentro dos limites da Cerca seiscentista de Faro. O seu crescimento gradual sofre um maior ímpeto nas últimas décadas. Actualmente, a cidade de Faro, capital política e administrativa, detém a maior parte dos serviços administrativos da região e, por conseguinte, uma grande atractividade para a implantação de actividades terciárias e comerciais, subsidiadas pela função habitacional.
Faro assumiu a sua vocação cosmopolita aquando da inauguração do seu aeroporto internacional a 11 de Julho de 1965, ainda durante a ditadura de António de Oliveira Salazar. Hoje em dia, e graças ao aumento de procura turística em todo o Algarve, a cidade possui o segundo mais movimentado aeroporto de Portugal atrás do aeroporto da Portela em Lisboa, com um movimento superior a 5 milhões de passageiros por ano. O Aeroporto é ainda utilizado por parte dos turistas que se dirigem para a Andaluzia devido a certos locais desta região espanhola estarem mais próximos de Faro do que de Sevilha.

Bandeira de Faro

Cultura e Turismo

           O concelho de Faro, ao longo de todo o ano tem um conjunto de iniciativas/eventos que contribuem para proporcionar momentos agradáveis de lazer. Todos os meses existem iniciativas relevantes, organizadas pela autarquia, Teatro Municipal ou por outras entidades do concelho. O verão é sem dúvida o período de maior actividade, com a realização de feiras temáticas, concertos, actividades desportivas, mostras, festivais, entre outras iniciativas. Ao longo do ano, pode-se ainda comprar artesanato ou outros produtos nas diversas feiras e mercados que se realizam mensalmente pelo concelho. À noite, numa atmosfera simpática, acolhedora e descontraída poderá dançar, ouvir música ao vivo, desfrutar de uma bebida ou de uma refeição ligeira, num dos vários bares.
O grande destaque do concelho é a Ria Formosa que constitui um sapal que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, abrangendo uma área de cerca de 18 400 hectares ao longo de 60 quilómetros desde o rio Ancão até à praia da Manta Rota.
A Ria Formosa, é limitada a Sul por um conjunto de ilhas-barreira de cordão arenoso litoral, conhecidas por, península do Ancão (Praia de Faro), ilhas da Barreta, Culatra, Armona, Tavira, Cabanas e península de Cacela. Estas estão dispostas paralelamente à costa, protegendo uma laguna que forma um labirinto de sapais, canais, zona de vasa e ilhotes, que a separa do Oceano Atlântico. As suas dunas, ilhas e barras para o alto mar estão em movimento contínuo conforme as marés. Muitos locais arqueológicos apresentam vestígios de povoações romanas e pré-romanas. Ao longo de 57 quilómetros de comprimento, este sistema lagunar, o mais extenso da costa portuguesa, tem a sua importância ecológica reconhecida internacionalmente, pelas características naturais únicas que apresenta e pela sua localização geográfica, que fazem desta zona húmida um dos principais biótopos de suporte da avifauna, pelo que tem vindo a ser alvo de protecção legal. Encontra-se assim, abrangida pelas disposições da Convenção de Ramsar e de Berna, integra a Rede Natura 2000, quer como Zona de Protecção Especial estabelecidas ao abrigo da Directiva Aves, quer como Zona Especial de Conservação e inscrita na lista nacional de sítios ao abrigo da Directiva Habitats. Possui uma profundidade média de dois metros e uma disposição irregular dos fundos. Cerca de 14% da superfície lagunar encontra-se permanentemente submersa, e cerca de 80% dos fundos emergem em maré baixa e em regime de marés vivas. Os cursos de água que desaguam no sistema da Ria Formosa (Rio Seco, Gilão, Ribeiras de Almargem, Lacem, Cacela, e outros) são sazonais e de pouco caudal, dada a fraca pluviosidade local. Assim, a ria é alimentada quase exclusivamente por água oceânica. A cobertura vegetal no interior da Ria Formosa difunde-se em dois ambientes distintos e contíguos: sapais e dunas. Os sapais originam-se em zonas costeiras de águas calmas. O reduzido fluxo das marés facilita a deposição dos detritos e sedimentos em suspensão e assim vão surgindo bancos de vasa onde, a certa altura, há substrato para a vegetação. A colonização tem como pioneira uma Gramínea do género Spartina (na Ria Formosa, S. marítima), que suporta longos períodos de submersão e, por isso mesmo, se instala nas zonas de mais baixa cota, onde forma vastos "prados" de cor verde escura e que constituem o baixo sapal. Onde o substrato é menos resistente à acção erosiva das águas formam-se os típicos canais e regueiras que sulcam o sapal num emaranhado dendrítico.
As condições de formação e a dinâmica das dunas revelam que estas são estruturas em constante mudança. A proximidade do mar actua como factor fortemente selectivo na instalação e crescimento da sua vegetação. Não é por acaso que, no lado virado ao mar, são escassas as composições florísticas e no interior da duna, criam-se condições mais favoráveis para uma fixação mais diversificada, abrigando inúmeras espécies nas encostas voltadas para o interior e nas dunas mais recuadas face ao mar, salientando-se a presença de plantas endémicas, que existem exclusivamente em Portugal. A Ria Formosa abrange a área de jurisdição de cinco concelhos do sotavento algarvio: Faro, Loulé, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António. Todos os concelhos têm usufruído do recurso natural da Ria Formosa como elemento estruturante da paisagem. As actividades ancestrais ligadas à pesca, marisqueio, salicultura e moluscicultura que contribuíram para o enriquecimento do território valorizando-o cultural, social económica e paisagisticamente. Trata-se de uma área protegida pelo estatuto de Parque Natural, atribuído pelo Decreto-lei n.º 373/87 de 9 de Dezembro de 1987. O Parque Natural da Ria Formosa enquadra-se numa região de clima mediterrânico, de características semi-áridas, com uma estação seca prolongada, durante os meses de Verão, e com um Inverno ameno devido à influência do fluxo atlântico do oeste, e pelo facto de se encontrar longe das regiões de origem das massas de ar polar continental, onde as temperaturas são amenas e a insolação elevada.
Em 2010, a Ria Formosa foi eleita uma das sete maravilhas naturais de Portugal na categoria de zonas marinhas, categoria a que também concorriam o Arquipélago das Berlengas e a Ponta de Sagres.
Faro possui uma relação privilegiada com a Ria Formosa pois é ponto de partida para a prática de actividades náuticas marítimo turísticas. Actividades de Turismo de Natureza, como é o caso do Birdwatching, contam com milhões de aficionados na Europa e encontram na Ria Formosa, sobretudo, no canal de Faro – o principal e mais profundo – uma quantidade de espécies que vai aumentando com a aproximação dos sapais. Corvos marinhos de faces brancas, patos mergulhões, chilretas, pernilongas, limícolas, cotovias de crista são algumas das espécies que, partindo de Faro de barco, podem ser observadas nos canais da Ria Formosa. 

Ilha da Culatra – Ilha do Farol de Santa Maria 

           A Ilha da Culatra é composta por três núcleos populacionais: Culatra, os Hangares e o Farol. O acesso a esta ilha barreira é feito através de Olhão e Faro através de carreiras regulares de barco num percurso de aproximadamente trinta minutos. A Culatra é banhada pelas águas da Ria Formosa e a Sul pelo Oceano Atlântico, possuindo praia marítima e fluvial. No núcleo do Farol encontra-se o Farol do Cabo de Santa Maria, cuja construção remonta a 1851. Implantado a 2500 metros a ENE do Cabo de Santa Maria, o Farol mais a Sul de Portugal tem 47 m de altura e tem um alcance luminoso de 25 milhas náuticas. No Verão à comunidade piscatória residente na Ilha da Culatra, juntam-se os veraneantes que procuram as suas praias de areias finas, águas límpidas e de temperatura agradável. A Ilha da Culatra é um refúgio natural de embarcações de pesca, às quais no Verão somam-se centenas de veleiros e iates portugueses e estrangeiros que ancoram nas suas águas calmas, em busca da sua gastronomia à base de peixe fresco e marisco. Um outro atractivo para estes velejadores é a pesca desportiva de espécies como o sargo, garoupa, muges, peixe-espada e tunídeos.

Ilha da Culatra 

Praia de Faro 

          Também conhecida por “Ilha de Faro”, esta extensão de areia faz parte da Península do Ancão, que delimita a Ria Formosa a poente e donde se pode obter uma vista privilegiada sobre a serra e sobre a cidade de Faro. O acesso viário faz-se através duma estreita ponte que atravessa a Ria Formosa. No Verão, a “ilha de Faro” está, igualmente, acessível por barco através do Cais das Portas do Sol. É possível fazer praia no estreito cordão arenoso virado a Norte, para um canal da Ria Formosa, A utilização deste plano de água é óptima para a prática de desportos náuticos (jetski, canoagem, remo, windsurf, vela, etc.). No Centro náutico da Praia de Faro é feita a iniciação às Modalidades Náuticas e disponibilizado ao público, equipamento para vela, windsurf e canoagem.

Praia de Faro 

Ilha Deserta 

           A Ilha Deserta, numa extensão de dez quilómetros de praia, é uma das mais bem conservadas e menos frequentadas da região. O acesso faz-se por mar, a partir do Cais da Porta Nova, sendo a travessia muito agradável, podendo observar-se os labirintos de areia e vasa da Ria Formosa, canais e bancos de sapal. Pelo caminho há que prestar também atenção às diversas aves que por aqui se alimentam, como os flamingos.


Principais Eventos : 

Concentração de Motos de Faro - Faro é reconhecida internacionalmente como a capital europeia dos motociclistas. Todos os anos, milhares de motociclistas de todo o mundo viajam para Faro, no mês de Julho, para participar na Concentração Internacional de Motos, organizada pelo Moto Clube de Faro. Um dos eventos de destaque é o desfile das motos pelas ruas da capital no Domingo, último dia da concentração.



Feira de Santa Iria - As origens da Feira de Santa Iria remontam ao ano de 1596. Reza a história, que esta Feira começou no reinado de D. Filipe I após o incêndio que a cidade sofreu na sequência do saque das tropas inglesas do Conde de Essex em 1596. Com o saque e o incêndio, a cidade ficou desprovida de inúmeras infra-estruturas e os seus habitantes padeciam de fome e peste, pelo que a realização desta feira procurava, de alguma forma prestar auxílio à população carenciada, e incrementar também as transacções comerciais. Inicialmente tratava-se de uma feira “forra e franca”, ou seja, os feirantes estavam isentos de pagar impostos do que vendiam, não se sabendo ao certo quando terminou esta isenção. A associação da Feira ao nome de Santa Iria, prende-se com o facto da sua data de realização ter sido marcada para o Dia de Santa Iria (20 de Outubro). A Feira de Santa Iria realiza-se no Largo de S. Francisco, na segunda quinzena de Outubro, mantendo as suas características populares Nela se podem encontrar uma grande diversidade de atractivos: stands institucionais; exposições gerais; divertimentos para crianças e adultos; comes e bebes; artesanato; venda de produtos diversos.

Gastronomia

             A gastronomia algarvia com reminiscências da presença dos romanos e dos árabes na região, e pela proximidade à Ria Formosa e ao Oceano Atlântico, têm por base peixe, marisco e produtos do campo, confeccionados em cataplanas, guisados e cozidos ou na grelha. Os carapaus, biqueirões e sardinhas alimados, as amêijoas e berbigões ao natural, o arroz de lingueirão, as cataplanas, caldeiradas e massinhas com peixe são pratos típicos de Faro. As papas de milho, mais conhecidas como xarém, são um dos ex-libris da região. As carnes também constam nos cardápios da região, numa mistura com marisco.
Nas sobremesas predominam as doçarias à base de frutos secos como bolos de amêndoa, figo e alfarroba.
Com uma região vinícola demarcada, de clima tipicamente mediterrânico, que utiliza castas tradicionais para produzir vinhos de qualidade, com sabor a fruto, baixa acidez e a que o sol dá uma graduação elevada, os vinhos e aguardentes juntam-se à tradição gastronómica do Algarve.
                                 
                                                                                                        Biqueirões
BiqueirõesArroz de Lingueirão
Arroz de Lingueirão