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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Viagem e visita ao concelho da Praia da Vitória - Açores

Brasão de Praia da Vitória

Localização

              Praia da Vitória é uma cidade e Concelho localizada na parte leste da ilha Terceira, no grupo central do arquipélago dos Açores, é sede de um município com 162,29 km² de área e subdividido em 11 freguesias. O município, um dos dois da ilha, é limitado a sul e oeste pelo município de Angra do Heroísmo e pelo oceano Atlântico a norte e a leste.



História

           Instalados definitivamente os primeiros povoadores na ilha Terceira, passou Jácome de Bruges, primeiro capitão do donatário da ilha, ao lugar da Praia, onde fixou a sua residência, juntamente com seu lugar-tenente Diogo de Teive. A Praia constituiu-se assim na sede da capitania da Terceira entre 1456 e 1474, ano em que a ilha foi dividida em duas capitanias, pelo desaparecimento do donatário, ficando a capitania da Praia a cargo de Álvaro Martins Homem. A região desenvolveu-se com rapidez, graças à cultura do pastel e do trigo. Desse modo, a Praia foi elevada a Vila, sede de Concelho, em 1480, ainda ao tempo de Álvaro Martins Homem. No último quartel do século XVI, Gaspar Frutuoso assim descreve a vila:
"(...) e logo está a vila da Praia, nobre e sumptuosa e de bons edificios, edificados por muito bom modo, cercada de boa muralha, com os seus fortes e baluartes toda em redondo, povoada de nobres e antigos moradores, como uma das mais antigas povoações da ilha, rodeada de fermosas e ricas quintas de nobres e grandiosos fidalgos, com uma freguesia e sumptuosa igreja de três naves, com a capela-mor de abóbada e portais e pilares bem lavrados de pedra mármore, toda cercada de capelas de grandes morgados (...) sua invocação principal é de Santa Cruz (...)."
"(...) onde há casa de Misericórdia e hospital, com duas igrejas, uma do hospital do Espírito Santo e outra de Nossa Senhora, com uma nave pelo meio (...); e um fermoso mosteiro de S. Francisco em que continuamente residem dez ou doze religiosos, onde há muitas capelas de morgados semelhantes aos acima ditos; três mosteiros de freiras, o mais principal dos quais é de Jesus (...), de quarenta freiras de véu preto e os dois, um de Nossa Senhora da Luz e outro das Chagas, da obediência e da observância de S. Francisco, em que há menos religiosas." 
No contexto da Dinastia Filipina, aqui se travou a batalha da Salga (1581). Foi na Praia que o pretendente ao trono de Portugal, D. António Prior do Crato, foi aclamado rei aquando do seu desembarque nesta localidade em 1582. Posteriormente, no contexto da Restauração da Independência Portuguesa, foi na Praia que se deu a aclamação de João VI de Portugal, quando da chegada de Francisco Ornelas da Câmara à Terceira, a povoação foi arrasada pelo grande terramoto de 1614, tendo o mar tragado as que lhe ficavam mais próximas. Durante o século XVII foi reconstruída, continuando presa de diversos abalos sísmicos menores. No decorrer da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), aqui se travou ainda a batalha da baía da Praia (11 de Agosto de 1829), quando frustrou a tentativa de desembarque de uma esquadra de tropas miguelistas. Esta vitória levou a que, por carta régia de 12 de Janeiro de 1837, como reconhecimento, lhe fossem outorgados os títulos de "Mui Notável" e "da Vitória" pela soberana. A sua importância económica permaneceu, apesar do grande terramoto de 15 de Junho de 1841 (a chamada "Caída da Praia") que a destruiu parcialmente. A sua reconstrução, a partir dos meados do século XIX deveu-se à iniciativa do Conselheiro José Silvestre Ribeiro. O padre Jerónimo Emiliano de Andrade, que viveu em meados do século XIX, refere:
"Apenas o viajante sai da freguesia do Cabo da Praia tem logo à vista a magnífica e majestosa Vila da Praia da Vitória, que lhe fica a uma distância de pouco mais de um quarto de légua. (...)"
A vila foi elevado à categoria de cidade a 20 de Junho de 1981, tendo se designado Vila da Praia da Vitória até 1983, na segunda metade do século XX foi construído no lugar das Lajes um aérodromo de grandes dimensões, o Aeroporto das Lajes. A essa importante obra juntou-se, mais recentemente, o Porto Oceânico da Praia da Vitória, com um molhe com 1400 metros de extensão, também de grande importância para a economia regional. Junto ao porto oceânico localiza-se o principal centro industrial da ilha.

Bandeira de Praia da Vitória

Heráldica

Armas - De ouro, com um leão rampante de vermelho acompanhado por duas palmas de verde. Em chefe, um açor de sua cor voando, tendo nas garras uma quina de Portugal. Coroa mural de prata de cinco torres. Listel branco com os dizeres: «Mui Notável Cidade da Praia da Vitória», de negro. 

Bandeira - De vermelho. Cordões e borlas de ouro e de vermelho. Haste e lança douradas. 

Selo - Circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal da Praia da Vitória».


Cultura e Turismo

            O relevo do Concelho é marcado pela planície do Ramo Grande, que no passado constitui-se no celeiro da ilha e hoje quase totalmente ocupada pelo aeroporto das Lajes, pelo maciço vulcânico da serra do Labaçal, no qual se destaca o pico Agudo (833 metros), pela serra do Cume e pela serra de Santiago.
A linha de costa é bastante acentuada, predominando as arribas e as zonas de calhau. A baía da Praia da Vitória abriga um extenso areal, o único da ilha e o mais extenso do arquipélago. A paisagem do Concelho encontra-se quase que totalmente explorada pelo Homem, seja pela agricultura, seja pela pecuária. A área florestal está ocupada por várias espécies, destacando-se a criptoméria, o eucalipto, a acácia e o pinheiro.
Nas reservas naturais do Pico Alto e do Biscoito da Ferraria, encontram-se preservados restos da flora endémica da ilha, como o cedro-do-mato ("Juniperus brevifolia, Antoine"), a urze ("Erica azorica, Hochst", o pau-branco ("Picconia azorica") e o folhado ("Viburnum treleasei"). A cidade está situada à beira-mar, numa grande planície rodeada por um lado pela Serra do Facho, que lhe apresenta uma perspectiva de terrenos em declive cobertos de verde, e pela extensa praia em forma de meia-lua. A protegê-la ainda dos ventos dominantes eleva-se a Serra do Cume, que forma o Complexo desmantelado da Serra do Cume.
O centro histórico da cidade conserva casas seculares, com curiosos trabalhos em cantaria e belas janelas e varandas, bem como um interessante património arquitectónico. 
Igreja Matriz - Foi em 1456, que Jácome de Bruges, o primeiro Capitão do Donatário da então Vila da Praia, fundou a Igreja Matriz da Praia da Vitória. Considerado um dos maiores e mais belos monumentos religiosos da ilha Terceira, a Matriz encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde 11 de Junho de 1980. Do complexo que compõe a igreja destaca-se o pórtico da fachada principal e os dois portais laterais quinhentistas, ao estilo Manuelino, a esplendorosa rosácea gótica e no seu interior a talha barroca do século XVIII da Capela do Santíssimo Sacramento e a Capela-Mor com talha dourada barroca do século XIX.


Igreja da Misericórdia - A Igreja da Misericórdia é um templo que remonta ao século XVI, dedicado ao Senhor Santo Cristo. É um edifício de duas naves, separadas por uma colunata, formando duas Igrejas com as respectivas Capelas-Mor, a do Espírito Santo e a de Nossa Senhora da Visitação. A Igreja do Espírito Santo foi construída em 1496 e a Igreja da Misericórdia em 1498. As duas igrejas construídas lado a lado, foram unificadas em 1521, a quando da União das Irmandades. Foi reedificada no século XX, após ter sido atingida, em 1921, por um violento incêndio.



Zona Balnear dos Biscoitos - Com origem a partir das antigas erupções vulcânicas que decorreram em toda a zona que abrange a freguesia dos Biscoitos, esta zona balnear caracteriza-se por um conjunto de formações geológicas resultantes de escoadas de lava, que ao entrarem em contacto com a água do mar e com as diferenças de profundidade, acabaram por criar curiosas formações geológicas. Desde 1969 a disposição natural destas formações foi aproveitada para a criação de espaços de lazer e de banhos. A praia possui acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida e tem ostentado nos últimos anos o galardão de Bandeira Azul.



Parque das Frechas - Descreve Gaspar Frutuoso em 1589, que “Há neste lugar da Agualva muitos pomares e frescos bosques de árvores e rosales (…) onde muitos homens nobres de toda a ilha e fora dela vão tomar recreação.” Desde cedo que a esta freguesia acorriam visitantes em busca do lazer junto dos espaços verdes que aqui se encontram abundantemente. A zona de lazer que na Agualva se encontra, é um local de excelência para se desfrutar da natureza no seu estado mais puro. Sítio com condições propícias para a realização de merendas e de campismo. Nas suas proximidades localizam-se as Frechas. Aí se inicia o principal curso de água da freguesia, a Ribeira da Agualva. Este curso é responsável por 60% do abastecimento de água do concelho da Praia da Vitória. Junto à nascente é possível visitar o local onde se efectua o processamento da água.


Gastronomia

               Da gastronomia terceirense são características a sopa do Espírito Santo, a caldeirada de peixe com maçãs, a alcatra, o sarapatel e a morcela. À sua doçaria típica pertencem a massa cevada, os confeitos, as donas-amélias, os camafeus, os alfenins e os cavilhetes de leite. Já nos vinhos têm fama os Verdelhos dos Biscoitos.
                                                                                                     Alfenins 
 
Camafeus