Translate

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Mosteiros de Portugal - Mosteiro de Santo Tirso



Localização

           Mosteiro de Santo Tirso (ou também Mosteiro de São Bento ) é um mosteiro localizado na freguesia de Santo Tirso, concelho de Santo Tirso, em Portugal, que foi da Ordem beneditina.


História

        Uma das mais importantes casas beneditinas portuguesas foi edificada em Santo Tirso e consagrada ao fundador desta Ordem religiosa, o monge italiano Bento de Núrsia. As notícias sobre a origem deste mosteiro são escassas, mas sabe-se da sua existência antes de 997, ano em que os muçulmanos comandados por Almançor o arrasariam. S. Bento ia recebendo doações várias e ganhando maior prestígio no seio da comunidade tirsense, vindo a ser reformado nos finais do século XI. Contudo, das edificações anteriores ao século XIV nada subsiste, com exceção de algumas lápides do século XII. A volumetria atual da igreja é obra da segunda metade do século XVII, enquanto a zona do mosteiro foi edificada no último quartel de Setecentos, de acordo com a estética rocaille.
Durante a segunda invasão francesa, uma parte dos tesouros conventuais foram roubados. A espoliação de livros e alfaias de culto prosseguiu com a extinção das Ordens religiosas em 1834 e o consequente abandono do mosteiro pela congregação beneditina. A cerca e várias dependências conventuais seriam vendidas pelo Estado, sendo estas adquiridas em 1882 pelo conde de S. Bento. Contudo, nos inícios do século XX, um incêndio destruiu parte desta ala do cenóbio, restaurada posteriormente por familiares desta figura da nobreza local. No inicio este Mosteiro era um mosteiro masculino da Ordem de São Bento (Beneditinos) e nos nossos dias é uma igreja paroquial / Educativa: Escola Agrícola / Cultural: museu municipal


Interior do Mosteiro

           Complexo monacal composto pela igreja e zona regral no lado direito, desenvolvida em torno de dois claustros, desenvolvidos perpendicularmente ao templo, integrando torre sineira e, perpendicular à fachada principal da igreja, o corpo da antiga hospedaria, atual museu; possui ampla cerca, delimitada pelo rio. Igreja de planta em cruz latina, composta por nave, flanqueada por torres sineiras, transepto pouco saliente, praticamente inscrito, capela adossada ao lado esquerdo e capela-mor, de volumes articulados e escalonados, tendo coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, sendo em coruchéus piramidais, revestidos a cantaria nas torres. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, da ordem toscana, firmados por pináculos piramidais, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a SO. rematada em frontão triangular truncada por cruz latina sobre plinto paralelepipédico, contendo o tímpano vazado por janelas termais; este assenta em dois pares de pilastras grupadas sobre amplo plinto paralelepipédico; o corpo da fachada é tripartido, com os eixos definidos por pilastras, no registo inferior, é marcada pelos três arcos de acesso à galilé, de volta perfeita e protegido por grades de ferro; na zona superior, três nichos de volta perfeita, encimados por janelas retilíneas e molduras simples em cantaria. A galilé com as paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo abóbada de arestas, também rebocadas e pavimento em lajeado, possui o portal axial retilíneo, com moldura recortada, em cantaria, e encimado por friso e frontão semicircular. No lado direito, porta retilínea e com moldura recortada, de acesso à antiga Portaria. As torres são rasgadas, superiormente, por ventanas de volta perfeita, rematando em frisos e cornija, encimadas por guarda balaustrada, tendo pináculos de bola e gárgulas de canhão nos ângulos; têm coberturas em coruchéus piramidais, revestidos a azulejo. Fachada lateral esquerda rasgada por três janelas no corpo da nave, a primeira desativada pelo adossamento da torre sineira; possuindo três janelas e pequenos vãos no corpo da capela-mor; o corpo da capela adossada remata em empena, com pequena fresta no topo, tendo, na face SO., janela retilínea. Fachada lateral direita parcialmente adossada ao claustro, com o corpo da nave rasgado por duas janelas retilíneas e três no da capela-mor. Fachada posterior em empena com cruz latina no vértice, rasgada por três janelas retilíneas, dispostas em eixo, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com coberturas em falsas abóbadas de berço, marcadas, no coro-alto e presbitério, por arcos torais, também rebocadas e pintadas, a da capela-mor com pintura decorativa; pavimentos em taburnos de madeira e réguas de cantaria na nave, sendo em lajeado no sub-coro, coxias, elevadas e protegidas por grades em ferro forjado, e na capela-mor. As janelas e portas encontram-se encimadas por sanefas de talha dourada ou pintada. O coro-alto assente em dois pilares toscanos, contendo pias de água-benta concheadas, e mísulas laterais, formando três arcos de volta perfeita, tendo guarda de madeira torneada, contendo pequena maquineta com o Crucificado. Tem pavimento em soalho e possui duas portas confrontantes, de verga reta e moldura simples, encimadas por sanefas pintadas com elementos em marmoreados fingidos, formando friso e espaldar recortado e vazado por acantos. Possui cadeiral de madeira, disposto em U, que centra uma estante de coro.
Portal axial protegido por guarda-vento de madeira e vidro, ladeado por bancos de madeira e espaldares recortados, no lado do Evangelho, o batistério, formado por nicho côncavo e acesso por vão retilíneo, encimado por sanefa semelhante às das portas do coro-alto, contendo pia batismal em cantaria de granito, composta por coluna galbada e com folhagem na zona inferior, com taça gomada e com bordo saliente, liso e facetado; no lado do Evangelho, nicho de alfaias embutido no muro. No lado oposto, junto ao coro-alto, um órgão de tubos. Nas paredes da nave, cinco capelas embutidas no muro, compostas por retábulos de talha, quatro delas confrontantes, dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus, São Bento e Nossa Senhora das Graças (Evangelho) e a Santa Escolástica e Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Ainda confrontantes, os púlpitos, com acesso por escadas de cantaria, a partir dos braços do transepto. O presbitério encontra-se marcado por grade de ferro forjado, dando acesso ao cruzeiro e braços do transepto, estes marcados por amplos arcos de volta perfeita, protegidos por sanefões de talha de marmoreados fingidos, de rosa, vermelho e dourado, compostas por duplos frisos, pendentes e elementos recortados e vazados por folhagem, tendo, ao centro, glória de querubins. O braço do lado do Evangelho é marcado pela Capela de Nossa Senhora da Piedade, tendo, laterais, duas estruturas retabulares; o braço oposto possui a porta de acesso ao espaço regral, protegida por guarda-vento de madeira e encimada por vão retilíneo, enquadrado por arco de volta perfeita, tendo, no lado do Evangelho, capela. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, encimado por sanefão de talha pintada de branco e dourado, possuindo friso curvo e vários elementos recortados e volutados, que centram cartela com as armas da Ordem, encimadas por cornija de perfil contracurvo, de inspiração borromínica. Capela-mor com painéis pintados a representar cenas da vida de Santo Tirso, possuindo as janelas encimadas por sanefas de talha dourada. Sobre supedâneo de cinco degraus centrais, o retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava e três eixos definidos por quatro colunas torsas, ornadas por pâmpanos, assentes em plintos paralelepipédicos com as faces decoradas por folhagem, as exteriores sobre consolas amplas. Ao centro, tribuna de perfil contracurvo e moldura simples, contendo trono expositivo de cinco degraus, ornados por festões, encimado pro baldaquino de colunas coríntias; o fundo e ilhargas estão decorados por acantos. Os eixos laterais possuem mísulas enquadradas por frisos retilíneos, formando apainelados e encimadas por baldaquinos simples. A estrutura remata em frisos de querubins, cornijas e por quatro arquivoltas, duas delas torsas, a prolongar as colunas do corpo do retábulo, unidas por aduelas decoradas por querubins. Altar paralelepipédico, sustentado por colunas, ladeado pelas portas de acesso à tribuna e encimado por sacrário embutido na estrutura, sobrepujado por nicho com imagem. No lado da Epístola, porta de acesso à ante-sacristia, com pavimento preenchido por lápides sepulcrais, teto de madeira em caixotões, possuindo bancos de pedra e lavabo, com porta de ligação à sacristia; esta tem cobertura em abóbada de berço em caixotões de pedra, assente em frisos e cornijas, e pavimento em lajeado, com dois arcazes laterais, oratório, retábulo-relicário. As torres sineiras têm três registos definidos por frisos e cornijas, rasgadas por ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes, rematando em balaustrada com pináculos e gárgulas de canhão angulares; têm coberturas em coruchéus piramidais. A zona regral é composta por dois corpos retilíneos desenvolvidos em torno de dois claustros, evoluindo em dois pisos, rasgado uniformemente por janelas retilíneas, as dos pisos superiores de varandim e guardas metálicas. Adossado à fachada da igreja, o corpo da portaria, com dois registos de vãos, separados por entablamento, o inferior com portal de perfil côncavo flanqueado por colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos, rematando em entablamento com as armas da Ordem; está ladeado por óculos ovalados e molduras recortadas; no segundo piso, sacada corrida de perfil contracurvo, para onde abrem três portas-janelas com molduras recortadas e remates em frontões interrompidos. Dá acesso à zona monacal e ao claustro principal, de planta quadrangular composto por dois pisos, o inferior de arcadas e o superior com janelas de varandim, quatro por ala, de perfis apontados e guardas metálicas, possuindo folhas de madeira e bandeiras pintadas de branco, formando falsos espelhos. As arcadas do primeiro registo são em arco apontado, assentes em colunas grupadas, de fustes lisos e capitéis decorados, assentes em muretes de cantaria de granito, abertos no centro de duas das alas, no lado NE. com três arcos e um no lado oposto; os pilares angulares são truncados e apresentam nichos em abóbadas de concha. As alas têm tetos de madeira e pavimentos em lajeado, formando taburnos, a NO., com capela retabular de Nossa Senhora da Assunção e, na SO., um arcosólio e arco de volta perfeita, de acesso às escadas regrais. No centro da quadra um chafariz, enquadrado por canteiros angulares, recortados. No segundo piso, corredores amplos, com pavimentos em soalho e tetos abobadados, ligando às antigas dependências. O segundo claustro evolui em dois pisos, tendo duas alas com arcos de volta perfeita assentes em colunas toscanas, e as outras duas com vãos retilíneos, que se repetem no segundo piso, numa das alas com molduras recortadas e bandeiras em arco abatido. A quadra é de terra batida com canteiros angulares e chafariz central, tendo, nas alas, pavimento em lajeado e teto de madeira; na ala norte amplo salão, onde funciona o refeitório, correspondente à antiga cozinha e refeitório dos monfes e, no lado oposto, um laboratório e sala de informática. A atual capela corresponde à primitiva Casa do Capítulo, com as paredes forradas a azulejo figurativo, representando cenas da vida de Cristo, tendo, num dos lados, painéis pintados, com teto em abóbada de lunetas pintada e pavimento em soalho. Possui bancos corridos de madeira e retábulo de talha, ladeado por duas portas em arco abatido e molduras simples. A antiga hospedaria é de planta retangular simples, com as fachadas principal e posterior a evoluir em dois pisos separados por friso, a principal virada a N., dividida em três panos definidos por duas ordens de pilastras toscanas, encimadas por pináculos; é rasgada por vãos em arco abatido e com molduras recortadas, sobrepujadas por cornijas, as dos panos centrais correspondendo a janelas de peitoril, surgindo, no piso inferior e no pano do lado esquerdo porta de acesso ao espaço, encimado por pequena bandeira, e janelas de peitoril, surgindo, no oposto, janelas de peitoril; no segundo piso, janelas de sacada com guardas metálicas, para onde abrem portas-janelas com molduras recortadas. Fachada lateral direita de um único piso, rematada em balaustrada interrompida por frontão contracurvo contendo as armas do orago; é rasgada por porta em arco de volta perfeita e janela lobulada e moldura recortada. Fachada posterior com porta e dez janelas de peitoril no primeiro piso, todas retilíneas e de molduras recortadas, surgindo, no superior, quinze janelas de volta perfeita e molduras recortadas, duas delas com balcão e duas janelas retilíneas. O interior é composto por quatro salas expositivas com corredores amplos, abobadados, uma sala de serviço educativo, um auditório, uma receção e uma sala de serviços administrativos.




Arquitectos e outros operários na construção do Mosteiro : 

                  Arquitecto: Frei Cipriano da Cruz (1698); Frei João Turriano (séc. 17). Empreiteiro : Afonso Ferreira de Oliveira (1978); Ferreira dos Santos & Rodrigues, Lda. (1976-1977); firma CARI - Casimiro Ribeiro & Filhos, Lda. (1990-1993). Ensambladores: António de Azevedo Fernandes (1693, 1697); Domingos Nunes (1693); Domingos Rodrigues Álvares (1698). Entalhador: Gabriel Rodrigues (atr., 1725-1728). Desenhador: Frei José de Santo António Vilaça (1767-1770). Ensambladores: António de Azevedo Fernandes (1692-1695); Domingos Rodrigues Álvares (1698). Mestres: Francisco João (1599); Gregório Lourenço (1599). Organeiros: António José dos Santos (1874); António Vieira (1927); Frei Domingos de São José Varela (1798). Vidreiro: João Baptista Antunes (1978).


Interior da Igreja :

                 O cadeiral tem duas ordens de cadeiras, dispostas em U, de madeira com assentos simples, com braços de perfis recortados e volutados, sendo as superiores encimadas por espaldares pintados de marmoreados fingidos, definidos por pilastras, encimadas por florões e rematadas em frisos e cornijas, encimadas por espaldares recortados, contendo painéis pintados com a vida de São Bento, surgindo, entre outras, as cenas: "Nascimento de São Bento e Santa Escolástica", "São Bento abandona a casa paterna", "São Bento recebe Mauro e Plácido", "São Bento salva Plácido de afogamento", "São Bento e o rei Totila" e vários milagres do Santo, "Encontro de São Bento e Santa Escolástica", "São Bento e a visão da morte de Santa Escolástica". Ao centro, estante de coro, de madeira marchetada de bronze, com pés volutados, atris simples, encimados por pirâmide central e águia. A maquineta do coro é de talha pintada de branco e dourado, composto por quatro colunas de fustes lisos, com o terço inferior marcado, e capitéis coríntios, que sustentam cobertura curva, antecedida por friso e encimada por enrolamentos de acantos, anel central, formando, simultaneamente um resplendor e uma coroa de espinhos, sobre a imagem do Crucificado. O guarda-vento é de madeira pintada a imitar marmoreados fingidos, de ângulos convexos, ornados por florões, possuindo apainelados decorados por acantos, clássicos ou sinuosos; a estrutura remata em elementos vazados, recortados e volutados. No intradorso, possui teto de talha, ostentando amplos acantos, centrados por falsas molduras de folhagem, em festões. O órgão de tubos é um grande órgão, com caixa de madeira, assente em consola do mesmo material, sendo pintadas de marmoreados fingidos, com coreto retilíneo e guarda vazada por falsos balaústres. A caixa é composta por três castelos em meia cana, tendo, na base, os tubos de palheta, dispostos em leque, tendo gelosias vazadas por acantos. Entre os castelos, quatro nichos sobrepostos, com gelosias de enrolamentos e acantos. A caixa remata em frisos, cornija e, sobre os castelos, surgem urnas e peanhas, que, no castelo central, se transforma em pináculo piramidal, encimado por uma águia. Possui consola em janela, com os teclados ladeados pelos botões dos registos. A consola é formada por apainelados, terminando em mísula, tendo, nos ângulos, acantos e querubins, possuindo, ao centro, uma figura articulada, formando um mascarão.
As capelas da nave encontram-se embutidas nos muros, com arcos de volta perfeita forrados a talha dourada, com quarteirões decorados por acantos, encimados por entablamentos e dupla moldura em toro, rematando em fragmento de talha recortado e ornado por acantos e concheados, interrompido por enrolamentos de concheados que formam falsas mísulas a sustentar a moldura da janela que se rasga em eixo, ornada por acantos e rematada em sanefa de espaldar recortado por enrolamentos e rocalhas. As ilhargas das capelas ostentam decoração de apainelados e possuem retábulos de talha dourada. O retábulo do Sagrado Coração de Jesus é de planta reta e um eixo definido por duas colunas de fuste liso e percorridas por falsas espiras fitomórficas, de capitéis coríntios e assentes em plintos paralelepipédicos com as faces almofadadas e decoradas por rocalhas. Ao centro, nicho contracurvo com moldura recortada e decorada por concheados e folhagem, rematando em cornija de perfil encurvado. Está ladeada por apainelados côncavos e decorados por acantos, encimados por duas ordens de acantos, prolongando, em friso, a decoração dos capitéis das colunas. A estrutura remata em entablamento e frontão semicircular com acantos e elemento saliente central, formado por enrolamentos, cornija de perfil borromínico e contendo coração rodeado por resplendor. Altar em forma de urna, ornado por cartela de rocalhas e encimado por sacrário embutido na estrutura, flanqueado por elementos auriculares e concheados, tendo a porta ornada por ostensório. Os quatro retábulos restantes são semelhantes, de planta reta e um eixo definido por duas colunas de fuste liso e percorridas por falsas espiras fitomórficas, de capitéis coríntios e assentes em plintos paralelepipédicos com as faces almofadadas e decoradas por rocalhas. Ao centro, nicho em ressalto, de perfil contracurvo com moldura recortada e decorada por concheados e folhagem, rematando em cornija de perfil encurvado. Está ladeada por apainelados côncavos, contendo mísulas enquadradas por apainelados formados por friso saliente, rematando em rocalhas assimétricas. A estrutura remata em entablamento e frontão semicircular com acantos e elemento saliente central, formado por enrolamentos e decoração fitomórfica. Altar em forma de urna, ornado por cartela rodeada por flores e concheados, encimado por sacrário embutido na estrutura, flanqueado por elementos auriculares e concheados, tendo a porta ornada por ostensório. Os dois PÚLPITOS são semelhantes, de talha pintada de marmoreados fingidos rosa e verde, de branco e dourado, quadrangulares e assentes em amplas mísulas decoradas por acantos e rosetões, encimadas por acantos, com guarda plena, com as faces decoradas por apainelados recortados e almofadados contendo cartelas concheadas e festões de folhagem. Têm acesso por portas em arcos abatidos e molduras de talha, encimadas por cartelas de palmas, protegidas por guarda-vozes em cornija, encimados por peanhas que sustentam figuras alegóricas às Virtudes Cardeais, a do Evangelho representando a Fé e a oposta a Caridade; dos guarda-vozes, pendem falsos drapeados a abrir em boca de cena. As grades e teias da nave são em ferro forjado, formando módulos de apainelados definidos por falsas pilastras coríntias, sendo cada módulo superior constituído por elementos verticais que se unem, nos extremos, em volutas, enrolamentos e acantos; no topo, surge friso vazado, cornija e cruz ladeada por seis castiçais; os módulos inferiores formam cartelas de enrolamentos e rosetões centrais, rodeados por acantos, enrolamentos e asas de morcego. As sanefas dos braços do transepto são de talha pintada de marmoreados fingidos, rosa e azul, e dourados, formando friso, cornija e pequeno espaldar recortado e vazado por decoração de enrolamentos, acantos e palmas, contendo roseta com glória de querubins. A Capela de NOSSA SENHORA da PIEDADE situa-se no topo do braço esquerdo do transepto, sendo profunda, com acesso por arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas decoradas com pinturas murais, tendo fundos de marmoreados fingidos, sobrepostos por pequenas flores e, a dourado, decoração de brutesco, em candelabra, formando albarradas, animais fantásticos, acantos, "ferronerie", conchas e, no intradorso do fecho do arco, cartela com a inscrição "IHS". Está encimado por sanefão de talha pintada de marmoreados fingidos vermelhos e dourado, criando um friso de denticulados, encimado por elementos recortados de acantos e enrolamentos, que formam uma falsa cartela central. O interior encontra-se totalmente revestido a talha dourada com as ilhargas a formar dois registos de apainelados de acantos, separados por friso, sendo os inferiores seccionados em quatro painéis em cada módulo; tem cobertura em falsa abóbada de berço de talha, formando caixotões definidos por molduras inscritas de acantos e rosetões, tendo, cada painel, os ângulos recortados em L, que inscrevem quadrados ornados por almofadas e concheados, surgindo, em cada almofada, um símbolo da Paixão de Cristo; pavimento em lajeado de granito, contendo silhar com inscrição delida. Tem retábulo de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas torsas, decoradas por pâmpanos e assentes em consolas, e em duas pilastras com os fustes ornados por acantos, assentes em plintos paralelepipédicos com o mesmo tipo de decoração; prolongam-se em três arquivoltas, duas delas torsas, ligadas por aduelas salientes, gerando apainelados de acantos, que centram almofada pintada, semelhante à da cobertura. Ao centro, amplo nicho de volta perfeita, com o interior decorado por apainelados de acantos, tendo, nos eixos laterais, apainelados de acantos dispostos em módulos simétricos. Altar paralelepipédico com o frontal decorado por folhagem, com sanefa e sebastos marcados, encimado por sacrário embutido na estrutura envolvido por acantos recortados e tendo, na porta, a figura de Cristo Redentor. Possui mesa de altar e bancos em madeira. Nos absidíolos, marcados por arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas, onde se rasgam nichos de alfaias de volta perfeita, os retábulos, semelhantes, de talha dourada, de planta côncava e um eixo definido por quatro colunas torsas, decoradas por pâmpanos e assentes em consolas, e em quatro pilastras com os fustes ornados por acantos, assentes em plintos paralelepipédicos com o mesmo tipo de decoração; prolongam-se em quatro arquivoltas, duas delas torsas, ligadas por aduelas salientes, Ao centro, nicho pouco profundo, de volta perfeita e assente em pilastras com os fustes decorados por acantos e, no lado do Evangelho, possui seguintes marcados por folhagem, surgindo friso de acantos no lado oposto. Altar paralelepipédico com decoração de acantos pintados, ladeado pela estrutura do banco, em cantaria de granito, formando consolas e pequenos plintos paralelepipédicos de faces almofadadas. Sobre o altar do Evangelho, sacrário em forma de templete, marcado por colunas torsas e cobertura em domo, com a porta ornada por Cristo Redentor. Fronteiro ao do Evangelho, pequena estrutura retabular, enquadrado por quarteirões que integram pequenos atlantes, assentes em consolas e prolongando-se em arquivolta de acantos; o retábulo é de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por duas colunas torsas, decoradas por pâmpanos e assentes em consolas, e por duas pilastras ornadas por enrolamentos, acantos e aves; prolongam-se em duas arquivoltas, a exterior torsa, com o tímpano ornado por acantos, aves e querubins. Ao centro, nicho de volta perfeita, contendo mísula, sublinhada por painel de acantos e querubins; os eixos laterais com os fundos decorados por padronagem de rosetões, possui mísulas. Altar paralelepipédico com frontal pintado, tripartido e com sebastos e sanefa marcados, ornados por folhagem. o Arco Triunfal com sanefão de talha pintada de marmoreados rosa e verde, de branco e dourado, formando frisos, inferiormente recortados, e espaldar recortado e encimado por cornija contracurva, de perfil borromínico no topo, contendo as armas da Ordem Beneditina. O tecto da  CAPELA-MOR possui pintura decorativa, formando um enorme padrão central de acantos enrolados e moldura em quadrifólio, semelhante ao dos azulejos seiscentistas, envolvido por molduras recortadas e volutadas, que centram decoração de pequenos acantos. As sanefas da capela-mor são em talha dourada, formando frisos, falsos lambrequins de flores, e estrutura recortada e vazada, decorada por acantos e rocalhas. Entre as janelas, surgem seis pinturas sobre tela a representar o Martírio de Santo Tirso.
                                                                                                                       Capela Mor do Mosteiro

Interior da Igreja







Exterior do Mosteiro :

               Peri-urbano, isolado, implantado numa zona plana, nas imediações do Rio Ave, limite natural da antiga cerca monacal, que se mantém com atividade agrícola, integrando a Escola Agrícola. O edifício abre para amplo largo, orlado pela via pública, em cota superior, que acede a uma rotunda e à ponte de acesso à cidade de Santo Tirso. No largo surgem vários canteiros relvados, árvores e espaço de estacionamento, formando o Jardim Ribeiro de Miranda. No eixo da fachada principal, o cruzeiro monacal, em cantaria de granito aparente, composto por plataforma de cinco degraus, os quatro superiores com focinhos salientes, onde assenta plinto paralelepípedo trabalhado, decorado com almofadas cartuladas, as das faces laterais semelhantes, com losango rodeado por contas, a da face principal com o escudo da Ordem beneditina e o posterior com elemento ovalado enquadrando flor estilizada de quatro folhas, envolto por motivo de contas. O fuste é estriado, com o terço inferior decorado por folhas estilizadas, e o capitel é coríntio, encimado por uma esfera gomeada, na qual assenta a cruz latina, com hastes almofadadas e remate lanceolado. O chafariz do claustro principal do tipo centralizado, de perfil lobulado, assente em plataforma de dois degraus e com tanque de bordo boleado; no centro, a coluna com vários globos, uma albarrada e duas taças, ambas com decoração gomeada, encimada por aves e cupulim gomeado, de onde pende a água; o tanque é ornado por cartelas recortadas, tendo as datas "1641" e "1861". Os cpapitéis dos arcos do claustro possuem decoração diversificada e feita em épocas distintas do período medieval, com figuras fantásticas, antropomórficas, cogulhos e decoração vegetalista estilizada. Numa das alas, surgem vários silhares com inscrições latinas, algumas delidas, surgindo numa outra um retábulo dedicado a Nossa Senhora da Assunção, de talha pintada de branco, azul e dourado, de planta reta e um eixo definido por duas colunas com o terço inferior estriado, encimadas por urnas, e duas meias-pilastras, assentes no banco. Ao centro, painel contracurvo e de moldura saliente, contendo um relevo com a Assunção da Virgem, rodeado por anjos de vulto e querubins. A estrutura remata em cornija curva e espaldar também curvo, ornado por folhagem com acantos superiores vazados. Na zona, possui azulejo de padrão policromo, formando silhares e está ladeado por dois medalhões pintados, no primeiro patamar, nicho de talha pintada, assente em mísula e com moldura de pilastras e orelhas recortadas, rematando em baldaquino de falsos drapeados a abrir em boca de cena, contendo a imagem de São Bento, tendo na base inscrição latina. No pavimento do claustro, lápide sepulcral. O chafariz do segundo claustro é em cantaria de granito, de planta oitavada, composto por degrau facetado e tanque de apainelados com pilares angulares, tendo coluna central em forma de urna, de onde pendem quatro bicas.

´