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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Mosteiros de Portugal - Mosteiro de Santa Maria de Arouca -





Localização

            O Mosteiro de Arouca localiza-se na freguesia de Arouca, vila e concelho de mesmo nome, distrito de Aveiro, em Portugal.


História

             O Mosteiro de Santa Maria de Arouca era feminino e pertencia à Ordem de Cister, fundado por Loderigo e Vandilo, antes de 951, o Mosteiro de Arouca foi governado nos tempos mais remotos pelo abade Hermenegildo. Sob o patrocínio de São Pedro e São Paulo teve, provavelmente, o seu primeiro edifício junto à igreja de São Pedro (actual aldeia de São Pedro) de onde passou para a vila de Arouca, por iniciativa dos restauradores Ansur e Eieuva. Foram seus patronos secundários São Cosme e São Damião.
Inicialmente, a comunidade terá seguido uma das regras peninsulares ou uma das regras mistas, vindo a adoptar a regra de São Bento entre 1085 e 1095. Sob o governo do abade Godinho (c. 1081-1101), o Mosteiro passou por uma fase de florescimento material, espiritual e cultural. Dispunha, então, de um "scriptorium" que o abade Godinho se empenhou em dinamizar, sob o abadessado de Toda Viegas (1114-1154) manteve o seu progresso. A abadia passou a albergar uma comunidade dúplice. Mais tarde, tornou-se exclusivamente feminina.
D. Sancho I doou o padroado do Mosteiro a D. Mafalda, sua filha que, em 1224, introduziu os costumes de Cister, recebendo a aprovação do papa Honório III, em 1226. Ao longo do século XIII, e especialmente durante o abaciado de D. Maior Martins (1233-1281), a formação do domínio fundiário do Mosteiro atingiu o seu auge, vindo a constituir um dos cenóbios mais ricos do país. Segundo o "Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarves, pelos anos de 1320 e 1321", o Mosteiro foi taxado em 9000 libras, valor que correspondia a cerca de um quarto das rendas de todo o bispado de Lamego e que, logo a seguir ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, representava a taxa mais elevada a cobrar entre os mosteiros do reino.
Em 1340, a 19 de Junho, por contrato celebrado entre o Mosteiro de Santos-o-Novo e o de Santa Maria de Arouca, se estabeleceu que metade dos direitos, foros e quartos do Condado de Alverca, pertenciam ao rei e a outra metade aos referidos Mosteiros, em 1433, em Novembro, D. Duarte deu carta de privilégios ao Mosteiro de Arouca e, um ano depois, concedeu-lhe uma carta de guarda e encomenda, em 1439, a 20 de Julho, D. Afonso V confirmou-lhe todos os privilégios, liberdades, usos, costumes e foros, outorgados e confirmados pelos reis antecessores. Em 1452, a 21 de Setembro, concedeu carta de privilégio de vassalo ao Mosteiro, e a seus caseiros, mordomos e apaniguados, sendo abadessa D. Isabel de Ataíde. Em 1455, a 20 de Janeiro, a pedido da abadessa, nomeou Gonçalo Eanes, morador no julgado de Arouca, para o cargo de tabelião do cível e crime, em substituição de Pêro Brandão. Em 1473, a 9 de Agosto, revogou uma carta sobre a serventia dos moradores de todo o couto, tendo em conta as obras do Mosteiro. Os moradores ficaram obrigados a dar metade da serventia para a construção da cerca de Viseu, e foram isentos da outra metade. Em 1475, a 4 de Novembro, o rei nomeou vitaliciamente Diogo Dias, escudeiro régio, para o cargo de coudel nas terras e jurisdição do Mosteiro de Arouca.
Em 1483, a 27 de Abril, D. João II deu carta de tabelião do couto do Mosteiro de Arouca a Rui Gonçalves, em 1497, a 3 de Junho, D. Manuel I confirmou as liberdades e privilégios doados pela fundadora, a infanta D. Mafalda, à abadessa e freiras do Mosteiro de Arouca, de que fazia parte a obrigatoriedade de venda dos produtos alimentares, sobretudo os do couto, no burgo de Vila Meia de Gramife, não sendo regateados, principalmente as carnes, pão e vinho. Inserida nesta carta de confirmação encontra-se uma outra de D. João I datada de 26 de Julho de 1402. Em 1501, a 2 de Março, D. Manuel I, concedeu o privilégio de apresentar os tabeliães das terras e jurisdições do Mosteiro, à abadessa de Arouca. Em 1515, por carta de 8 de Julho, ao Mosteiro foi reconhecido o privilégio dos corregedores das comarcas da Beira e Estremadura não entrarem nas suas terras para fazerem correições, salvo por especial mandado régio. Em 1521, a 16 de Julho, o rei concedeu o ofício de escrivão das propriedades do Mosteiro de Arouca a Fernão Rodrigues, no ano de 1532, por ocasião da visita do abade de Claraval, a abadia de Arouca foi considerada a mais importante casa de religiosas cistercienses em Portugal e, em 1536, os visitadores aragoneses que passaram pelo Mosteiro elogiaram o seu estado espiritual e temporal, a 1643, a 23 de Dezembro, por alvará concedido às freiras de Arouca, passou a realizar-se uma feira anual no sítio de Nossa Senhora da Lagoa.
Em 1649, a 25 de Dezembro, a abadessa e mais religiosas do Convento de Arouca receberam por alvará, 12.000 réis a mais de ordenado pago pelo recebedor das sisas da vila de Arouca, no ano de 1732, a 12 de Agosto, receberam carta de mercê de terras na zona de Estarreja, em 1734, a 20 de Dezembro, foi-lhe confirmado o privilégio proibindo os corregedores de fazerem correições nas terras do Mosteiro. Em 1779, a 17 de Setembro, por mandado e provisão, foram-lhe restituídos os privilégios que lhe tinham sido retirados pelo Alvará de 26 de Agosto de 1776.
A paróquia de Ester, em Castro Daire, pertenceu ao Mosteiro de Arouca passando mais tarde a pertencer ao Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Ermida. O Mosteiro de Arouca apresentava também as igrejas de São Salvador, de Santa Eulália, de São Miguel de Urros e de São Salvador de Várzea, no ano de  1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo, os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional e no ano de 1886, a 3 de Junho, o Mosteiro encerrou por morte da última freira.

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Interior do Mosteiro : 


          Desenvolve-se o cenóbio em corpos que se articulam perpendicularmente, formando fachadas bem de acordo com a tradição cisterciense, de grande sobriedade, mesmo em plena época barroca. Ao centro do edifício mais antigo abre-se o portal de largo arco abatido, assente em pilastras adossadas e delimitado por salientes cunhais, rematando a fachada empena triangular terminada por cruz latina. Para Nordeste estende-se o edifício rasgado por janelas de linhas simples, marcado por um torreão angular, seguido do coro e igreja. Do lado sul situa-se o arco de entrada do Pátio dos Comuns. Esta frontaria é valorizada pela escadaria de corrimão formado por balaústres torsos.
O projeto da igreja e do coro, traçado em 1703, deve-se ao arquiteto maltês Carlos Gimac. A planta é composta por corpo retangular e cabeceira quadrangular. No corpo da nave abrem-se oito capelas de arco pleno, sobrepujadas por janelas alternando nichos com estátuas setecentistas em pedra de Ançã, da autoria da Jacinto Vieira - representando santas, figuras beneditinas e cistercienses. Uma destas capelas da igreja alberga a urna de Sta. Mafalda, em ébano e decorada com prata e cobre dourado. Ao nível do coro alto, resplandecem as talhas douradas do varandim do órgão, dos atlantes que suportam a tubagem e das sanefas, constituindo uma espetacular composição barroca já com sugestões rocaille. Ainda no coro, é necessário chamar a atenção para o cadeiral do barroco nacional, em talha dourada e de 104 assentos dispostos em quatro filas, executado pelos mestres António Gomes e Filipe dos Santos. Os espaldares são preenchidos por pinturas narrando cenas da vida de S. Bernardo e Sta. Mafalda.
No topo da capela-mor, o retábulo em talha dourada, datado de 1723 e concebido por Luís Vieira da Cruz, alberga três imagens do barroco joanino - Anunciação, S. Bernardo e S. Bento. Joaninas são também as esculturas dos altares colaterais, afirmando-se neste núcleo escultórico uma das maiores riquezas artísticas de S. Pedro de Arouca. Mais tardio, datado de 1781, é o claustro de dois andares, com as galerias superiores constituídas por arcos abatidos assentes em pilares jónicos. As galerias inferiores são formadas por arcos de volta perfeita sobre robustos pilares.
Na sala do capítulo, coberta por abóbada de arco abatido, conserva-se ainda o policromo revestimento de azulejos do século XVIII, com temas paisagísticos.Possui este mosteiro um Museu de Arte Sacra, onde se destacam a escultura gótica do século XV de S. Pedro, talvez obra do escultor João Afonso, uma seiscentista Sta. Mafalda feita para o jacente da arca tumular e o Díptico-Relicário da Anunciação, bonita e singela obra de ourivesaria do século XIII.







          






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