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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Viagem e visita ao concelho de Elvas

Brasão de Elvas

Localização 

        Integrado no distrito de Portalegre  o concelho de Elvas ocupa uma área de 631 km2, distribuída por onze freguesias, quatro das quais freguesias urbanas que constituem a cidade de Elvas: Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso; Alcáçova; Assunção e Caia e S. Pedro, Elvas é limitado pelos concelhos de Arronches, a Norte; Campo Maior, a Nordeste; Monforte, a Sudoeste; e por Badajoz, a Sudeste.
O concelho caracteriza-se sobretudo por extensas áreas planas, sendo as suas principais elevações os montes Gebarela (465 m), Perdigão (321 m), Enxara (225 m) e Freixial (223 m), é atravessado pelos rios Caia e Guadiana e pelas ribeiras de Pereira, Velha, Ceto e Caiola.



História

         Não há dúvida sobre o povoamento pré-histórico dos campos elvenses, onde se encontraram numerosas antas, algumas das quais exploradas por Cartailhac. Desses monumentos megalíticos, são de mencionar as antas do Alto de Miraflores, da Cabeça Gorda, da Coutada de Barbacena, de D. Miguel, do Olival de Monte Velho, do Porto de Cima de D. Miguel, da Torna do Paço Ferreira e a anta do Torrão. Foi bastante longo o domínio dos romanos em Elvas e a atestá-lo há vários cipos, inscrições e moedas encontradas em várias escavações da região. Também dessa altura, foram descobertas várias villas e castros datados do século I a.C., destacando-se a villa romana da Quinta das Longas e o castro de Segóvia. A ocupação desse castro é referenciada para a Idade do Ferro, tendo sido utilizado com frequência desde os tempos dos romanos até quase ao século XIX, para fins militares.
O seu topónimo tem a sua origem no termo celta "sego" que significa "vitória". Foram os romanos que iniciaram a construção do castelo, mais tarde reconstruído e ampliado pelos árabes, sendo que Edrici, o geógrafo árabe, diz de Elvas o seguinte: "cidade forte, situada junto de uma montanha".
Em 1166, Elvas foi tomada aos mouros por D. Afonso Henriques, no entanto acabou por ser reconquistada pelos mouros e só em 1230, D. Sancho II que havia sido forçado a abandoná-la em 1226, a reconquistou passando definitivamente para a posse dos portugueses. Na conquista definitiva de Elvas, D. Sancho II foi ajudado pelo prior do Hospital, D. Rodrigo, pelo mestre dos Templários e por D. Soeiro, Bispo de Évora; este último foi o primeiro que entrou na praça, à frente dos seus homens de armas, pela porta do poente, no local onde hoje se encontra o Arco do Bispo.
A história de Elvas está intimamente ligada à história da independência do país. Em 1336, o rei de Castela Afonso IX, sogro do rei português D. Afonso, pôs cerco a Elvas, mas sem resultado pois não conseguiu tomá-la. Restabelecida a paz entre os dois monarcas, perante a invasão da península pelos árabes, foi em Elvas que se concentraram vários contingentes de tropas portuguesas, os quais dali, seguiram para Castela, onde tomaram parte, na memorável batalha do Salado, em 28 de Agosto de 1340. Também durante as guerras de D. Fernando com Castela, a praça de Elvas teve um papel importante: em 1381, D. João, rei de Castela, depois de concentrar importantes forças em Badajoz. Em 1382, o rei D. Fernando dirigiu-se de Lisboa para Elvas, onde se encontravam concentradas numerosas forças, para darem combate ao exército castelhano, e assumiu o comando dessas forças que, todavia, não chegaram a bater-se por ter, entretanto, sido concluída a paz e combinado o casamento de D. Beatriz, filha do rei português, com o rei de Castela, D. João I.

A proclamação de D. Leonor Teles, depois da morte de D. Fernando, declarando D. João e D. Beatriz reis de Portugal, foi recebida com o maior desagrado e até com hostilidade em Elvas. O povo amotinou-se e capitaneado por Gil Fernandes, prendeu o alcaide e obrigou-o a abandonar o posto. Depois da aclamação de D. João I, o rei de Castela, partindo de Badajoz, foi cercar Elvas, cujo o alcaide era então Gil Fernandes, sendo que ao fim de 25 dias, os castelhanos levantaram o cerco, sem conseguirem o seu fim. Em 1507, D. Manuel, por carta de 3 de Março confirma o foral antigo de Elvas (dado por D. Sancho II) e a 1 de Junho de 1512, concede-lhe foral novo. O mesmo monarca, a 21 de abril de 1513 confere-lhe o título de cidade. Por essa altura também já se pensava na possibilidade da criação do bispado de Elvas, o que só se veio a realizar no reinado de D. Sebastião, pela bula Super Cunctas, de S. Pio V, de 9 de Junho de 1570. O Arcebispo e o cabido de Évora recusaram o assentimento que o rei anteriormente lhes pedira, para da sua diocese se desmembrarem terras com que se formasse o novo bispado. Por esse motivo, expediu S. Pio V o breve Pro Apostilicae Sedis, de 15 de Dezembro de 1569, ordenando que sem demora se expusessem os motivos da recusa. A nova diocese foi constituída com os lugares de Olivença, Campo Maior e Ouguela, desmembrados do bispado de Ceuta; Elvas, Juromenha, Alandoral, Vieiros, Monforte, Barbacena, Vila Fernando, Vila Boim, Fronteira, Cabeço de Vide, Alter Pedroso, Alter do Chão e Seda, desmembrados de Évora, o bispado de Elvas ficou sufraganeo de Évora e veio a ser extinto pela remodelação diocesana determinada pela bula Gravissimum Christi, de 30 de Setembro de 1881, do papa Leão XIII.

Quando da perda de independência, no século XVI, a guarda avançada do exército do duque de Alba ocupou, sem dificuldade, a cidade, permanecendo aí a corte do rei castelhano, D. Filipe II, durante algumas semanas, em princípios de 1581. Durante a guerra da restauração, desempenhou Elvas um papel de bastante importância. D. João IV fora proclamado rei, naquela cidade, no dia 3 de Dezembro de 1640 e pouco tempo depois foi nomeado governador da praça o mestre do campo João da Costa.
Em meados do ano seguinte, Elvas foi atacada pelo general Monterey, que foi repelido. Voltou o mesmo general em Setembro daquele ano, com o propósito de atacar novamente; não conseguiu porém o seu intento, porque o governador da praça saiu ao seu encontro e o inimigo teve de retirar depois de um curto combate. Em finais de 1644, um exército de 15.000, comandado pelo general Torrecusa, cercou e atacou Elvas, mas acabou por retirar para Badajoz, sem realizar o seu intento. Poucos anos depois, em 1659, dá-se a célebre "Batalha da Linha de Elvas" que teve consequências materiais e morais bastante favoráveis para os portugueses.

Desde 22 de Agosto de 1658 que o exército castelhano, comandado por D. Luís de Haro, tinha investido a praça de Elvas que apesar da sua pequena guarnição conseguiu resistir. André de Albuquerque, comandante da praça, acompanhado por outros oficiais, conseguiu passar as linhas dos castelhanos e dirigiu-se então a Estremoz, onde havia sido organizado um exército de socorro. Saindo no dia 11 de Estremoz, a 13 estava em frente de Elvas, avisando da sua chegada com o troar da sua artilharia. No dia seguinte (14 de Janeiro de 1659) travou-se a batalha entre as duas forças, sendo o resultado favorável aos portugueses. Aquando da guerra de Sucessão, foi em Elvas que o Marquês de Minas concentrou as forças portuguesas à frente das quais entrou em Espanha, onde tomou Alcântara e Placência. A 14 de Abril de 1706 o marquês de Bay atacou Elvas; mas a cidade respondeu ao ataque violentamente, causando grandes perda ao inimigo com a artilharia, o que o obrigou a retirar no dia imediato. A 1 de Junho de 1711, voltou a atacar a cidade, cercando-a e sujeitando-a a um tremendo bombardeamento, durante três dias consecutivos. A guarnição da praça que então era pequena, defendeu-se com o auxílio dos habitantes, e o atacante retirou-se para Badajoz. Durante a curta guerra de 1801, os espanhóis cortaram as comunicações de Elvas com o exército português, que na mesma guerra tomava parte, sendo então o governador da praça portuguesa intimado a render-se. Este respondeu, que enquanto houvesse pedra sobre pedra nos baluartes, um soldado que pudesse disparar um tiro e fosse vivo o General Comandante, ninguém falaria em capitular; o inimigo acabou então por se retirar.

Bandeira de Elvas


Cultura e Turismo

         O concelho de Elvas está integrado na Região de Turismo de S. Mamede, sendo vários os pontos de interesse a serem visitados na região, entre os quais se destaca como locais aconselháveis para a prática de Turismo de Natureza a albufeira da barragem do Caia, onde se podem praticar várias atividades náuticas. Para além dos seus recursos naturais, o concelho de Elvas possui um vasto património cultural edificado.
A nível do património religioso, destaca-se a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, datada do século XVI e alterada no século XVIII, que seria a antiga Sé de Elvas; a Igreja de S. Pedro, datada do século XII e alterada nos séculos XVII e XVIII, uma igreja românico-gótica, embora com alterações posteriores em estilo barroco; e a Igreja das Dominicas, dos séculos XVI-XVII de estilo renascentista.
O seu património civil é também vastissimo, destacando-se a esse nível: o Aqueduto da Amoreira, o Castelo de Elvas e o Castelo de Fontalva. O Aqueduto de Amoreira constitui o ex-libris da cidade de Elvas, tendo a sua construção sido iniciada em 1530.Os trabalhos de edificação foram iniciados pelo arquitecto Francisco de Arruda e continuado pelos mestres Afonso Álvares, Diogo Marques e Pero Vaz Pereira, tendo a obra ficado concluída em 1622. O aqueduto tem uma extensão de 7054 metros, sendo formado por quatro ordens de arcos, com 31 metros de altura, sustentados por robustos contrafortes. O castelo medieval de Elvas era formado por três cortinas defensivas, mantendo duas delas importantes obras do período muçulmano; a primeira linha de defesa foi absorvida pela cidade, subsistindo duas das suas portas: a da Alcáçova e a do Miradeiro; a linha intermédia era rasgada por quatro portas - respectivamente pela da Ferrada, Porta Nova ou da Encarnação, de Santiago e do Bispo. O Castelo de Fontalva foi uma antiga fortaleza medieval, transformada em residência solarenga acastelada no tempo de D.João III, situada na margem direita da ribeira de Fontalva.
Das infra-estruturas culturais do concelho, merecem especial referência a Casa da Cultura de Elvas, onde se efetuam periodicamente exposições e conferências, entre outros eventos; a biblioteca municipal de Elvas. No que diz respeito a unidades museológicas, as principais do concelho de Elvas são: o Museu Militar e Museu Tomaz Pires. O primeiro está situado no forte de Santa Luzia, desenvolvendo-se a sua exposição permanente em seis núcleos onde se encontram expostos objetos usados pelas guarnições da praça e forte, armamento e equipamentos militares de diferentes épocas. No exterior, podem ser observadas várias peças de artilharia. O Museu Tomaz Pires, é composto por salas de Arqueologia, de Etnografia, Mobiliário e Cerâmica, Instrumentos Musicais, Pintura, Arte Sacra, entre outras.
                                                                                        Forte da Graça

Forte da Graça


Aqueduto da Amoreira 

Gastronomia

         Da gastronomia local fazem parte o peru recheado, o ensopado de borrego, a sopa de tomate, os grãos com enchidos, as migas, a açorda de coentros, a calhola e o gaspacho. Na doçaria, destaque para as azevias, as filhoses e bolos finos, a serica e o coxo frito.

                                                                                                         Azevias 
AzeviasBacalhau Dourado
Bacalhau dourado 

Enxovalhada
Enxovalhada 
         




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