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domingo, 30 de dezembro de 2012

Viagem e visita ao concelho de Arouca

Brasão de Arouca

Localização : 

         Situado na extremidade nordeste no distrito de Aveiro, o concelho de Arouca, tem por limites os seguintes concelhos: a Norte, Gondomar, Castelo de Paiva e Cinfães, a Oeste, Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis, a Sul, Vale de Cambra e S. Pedro do Sul e a Este, S. Pedro do Sul e Castro Daire. O concelho é composto por vinte freguesias, tendo a de Arouca sede na Vila homónima. Arouca é terra de paisagens magníficas, que durante anos esteve insensível à marcha do tempo, razão porque a chamaram por muitas décadas, "A Bela Adormecida". Assenta num bloco montanhoso e morfologicamente muito diverso das terras baixas do Litoral, podendo ser salientadas diferenças climatéricas, nomeadamente as que dizem respeito à precipitação, cujos índices apresentam valores elevados quando comparados com outros pontos da região, facto, que se revela determinante para o êxito e prosperidade de certas atividades como a agricultura. Arouca estende-se por um fértil vale, capaz de satisfazer parte considerável das necessidades daqueles que o habitam. O esguio vale de Arouca é quase completamente cercado por serrania alterosa, que lhe deixa apenas as bandas de Oeste, a fornecer-lhe a comunicação fácil com as povoações circunjacentes. Tem ao Norte, a Serra do Gamarão, por Leste o monte cónico da Mó, e a Serra da Freita, ao Sul. O Monte da Senhora da Mó, situado a 8 Km da vila de Arouca, possui no seu cimo, a 712 m de altitude, uma capela e um miradouro de onde se pode visualizar uma excelente panorâmica sobre o vale e sobre as montanhas que o rodeiam. A superfície das suas encostas é revestida por micaxistos e quartzitos (rochas que testemunham intensos fenómenos de metamorfismo) e encontram-se cobertas por plantações de pinheiro bravo e eucalipto. Da vegetação natural primitiva existem ainda, ou de novo, medronheiros e muitos exemplares de carvalhos. A Serra da Freita, cujo ponto mais elevado se situa na Malhada a 1102 m de altitude, é um local privilegiado do Maciço da Gralheira. As suas íngremes vertentes, são cortadas por inúmeras ribeiras que se precipitam em maravilhosas cascatas (algumas só visíveis na época das chuvas). Aliado à riqueza geológica, existe um extraordinário património biológico; nos cumes e nas encostas agrestes, por entre os castanheiros, carvalhos e bétulas aparece por vezes o azevinho. Sob o ponto de vista faunístico, pouco está estudado; num passado longínquo terão desaparecido os seus maiores vertebrados, como a cabra brava, o urso e mais recentemente o corço. Merece ainda referência a ocorrência na região, da raposa, do ginete, da lontra, do gato bravo e do javali, mamíferos pouco frequentes em Portugal. É de particular interesse a presença do guarda rios, do melro de água e de aves de rapina diversas. O concelho de Arouca tem como principais cursos de água os rios: Arda, Paiva, Paivó, Caima, Urtigosa, Ardena, Inha, Insua e as ribeiras de Moldes, de Rio de Frades e da Aguieira.





História :

          A História deste atual concelho remonta a tempos pré-Nacionais, tendo atingido identidade própria, muitos séculos antes de ser concelho, e a comprová-lo estão os monumentos funerários que se estendem por diversas áreas do concelho. Uns foram espoliados por caçadores de tesouros, sem o mínimo de respeito pela História nem pelas regras científicas no trato dos achados arqueológicos; outros foram destruídos pela ignorância; outros ainda, dos muitos que restam, têm merecido estudo científico. Predominam nas terras altas e nos planaltos, nomeadamente o vasto conjunto megalítico de Escariz, que se estende pela freguesia que lhe dá o nome, bem como por terras de Mansores, Chave, e bem no meio da serra da Freita, no sítio denominado de Portela de Anta. Esta serra que faz parte do maciço da Gralheira, correndo de Nordeste para Sueste, é limitada a Norte pelo vale do rio Arda (afluente do Douro) e a Sul pela ribeira de Teixeira, afluente do Vouga. Contudo, o nivelamento de terrenos em tempo de arroteias, terá levado à eliminação de muitos outros vestígios pré-histórios. Da época da presença e domínio dos romanos na Península Ibérica, sabe-se muito pouco; porém, pelos vestígios arqueológicos encontrados se deduz que Arouca terá sofrido uma romanização tardia, talvez por estar localizada já fora das zonas mais próximas do litoral e das vias de circulação Norte/Sul. Pela toponímia local é atestada a permanência de populações de origem germânica (resultante das chamadas invasões bárbaras). Nomes como Sá, Saril, Alvarenga, Burgo, Escariz, Friães, Melareses, são exemplificativos. Indelevelmente associado ao nome de Arouca, está o milenar Mosteiro, edificado na sede de concelho. A fundação do Mosteiro de S. Pedro de Arouca é atribuída a um casal de fidalgos visigodos, Luderigo e sua mulher. Não existe consenso quanto à data provável da sua construção, nem sobre a regra que o regia; contudo, sabe-se a partir dos finais do século XI, foi para as mãos de um nobre de alta linhagem, D. Ansur de Godestais, a quem se atribuem ações importantes no sentido de desenvolver aquele cenóbio. Foi sob o governo de dois religiosos pertencentes à sua família que, nos finais do mesmo século (XI), por volta de 1085-1095, o Mosteiro adotou a regra de S. Bento, que só viria a ser substituída quase dois séculos depois. Data concretamente de 1091, a mais antiga referência ao Mosteiro de Arouca. A partir da fundação da Nacionalidade, o Mosteiro foi-se desenvolvendo cada vez mais, e com ele as povoações em seu redor. Deste modo, trabalhava para o Mosteiro a quase totalidade dos habitantes dessas povoações, recebendo em troca sustento e assistência dispensada pelos religiosos. Entretanto, as terras de Arouca foram servindo de palco a várias lutas travadas pela posse de território, ao longo da Idade Média. As incursões muçulmanas levaram a que os núcleos habitacionais de Arouca ficassem quase desertos de população cristã, que se refugiou em locais pouco acessíveis ou noutras paragens mais a Norte, donde só terão regressado quando, mais tarde, com os avanços da Reconquista Cristã para Sul, a instabilidade se afastou. Em 1102, ficou célebre a batalha travada entre o rei mouro de Lamego, Echa Martim, e o Conde D. Henrique, que resultou na derrota incondicional dos muçulmanos e na conversão de Echa Martim ao Cristianismo. Arouca recebeu o seu primeiro foral, em Abril de 1151, das mãos de D. Afonso Henriques, que viria a ser confirmado por D. Afonso II, em 1217. Nesta época, o Mosteiro era já exclusivamente feminino, pois provavelmente até 1154, ano em que terminou o abadessado de D. Toda Viegas, terá sido dúplice (de frades e freiras). O cenóbio conheceu um período áureo durante o padroado da Princesa D. Mafalda, uma das filhas de D. Sancho I e de D. Dulce, que escolheu o Mosteiro de Arouca para ingressar na vida religiosa quando regressou de Castela, após a morte do seu marido, o Rei Henrique I de Castela. Esta princesa reformou a vida e hábitos da comunidade, ao adotar a regra da Ordem de Císter, aumentando a riqueza do mosteiro por doação dos seus bens herdados, entre eles os direitos reais e a jurisdição da vila de Arouca. Sob o padroado desta princesa, o Mosteiro converteu-se definitivamente em verdadeiro pólo de Arouca, irradiando daí todo o progresso das populações circundantes. A figura de D. Mafalda e a sua vida ficaram de tal forma marcadas nas gentes de Arouca, que após o seu falecimento, estas lhe atribuíram a santidade, sendo beatificada nos finais do século XVIII. O Mosteiro continuou a crescer em importância económica, sobretudo durante o séculos XV e princípios do XVI, quando as reformas Manuelinas levaram à criação do concelho de Arouca por Foral de 1513. Este novo período florescente que o Mosteiro conheceu, corresponde principalmente aos abadessados de D. Melícia de Melo (durante o reinado de D. Dinis) e de D. Leonor Coutinho (filha dos Condes de Marialva). No decorrer do século XIX, as ordens religiosas sofreram um rude golpe com o advento do liberalismo (1834), que via no clero um dos grandes adversários. Com os bens confiscados e os privilégios extintos, os mosteiros viram-se rapidamente despojados da sua importância e influência, face ao poder laico. O Mosteiro de Arouca não constituiu excepção à regra e não tardou a perder o secular estatuto de centro polarizador do desenvolvimento material e espiritual da região. A Nascente e Poente do concelho de Arouca existiram dois outros concelhos, cujos territórios, devido à reforma administrativa de 1836, foram em parte, integrados no de Arouca (o de Alvarenga e o de Fermedo, ambos com foral de 1514). Por Lei de 1917, Covelo de Paivó, do vizinho concelho de S. Pedro do Sul, passou para o de Arouca, completando-se assim o alargamento do território concelhio.

Bandeira de Arouca

Cultura e Turismo :

           No que diz respeito aos valores culturais, encontram-se neste concelho algumas manifestações de carácter popular: as feiras e romarias, os trajes típicos e usos e costumes, dos quais alguns vão ficando no esquecimento, embora outros permaneçam na memória, sendo ainda hoje praticados, como a "Reza", no período da "Quaresma", e a "Queima dos Judas" no "Sábado Aleluia", véspera de Páscoa. Noutras épocas, era comum os locais juntarem-se em grupos que reuniam quase toda a população de cada lugar e, de sol a sol, das sementeiras até às colheitas, uniam-se no trabalho duro do amanho da terra, na eira ou nas desfolhadas, cantando através dos séculos e transmitindo as cantigas de geração em geração. Esta "tradição", levou a que ainda no decorrer da Segunda Guerra Mundial, o organismo corporativo, Grémio da Lavoura, criasse a "Feira das Colheitas", que ainda hoje é um dos maiores atrativos de gentes ao concelho, tendo-se tornado mais uma festa do que propriamente uma feira. Os ranchos folclóricos que então surgiram, para além de atuações em várias festas e romarias, tinham como ponto culminante esta feira. Atualmente  e embora se verifiquem reaparecimentos pontuais desses ranchos folclóricos, em função ainda da Feira das Colheitas, são poucos os agrupamentos que estão voltados para a recolha e aperfeiçoamento dos cantares de outrora, bem como a preservação de instrumentos e trajes que entretanto caíram em desuso. Generosamente dotada de uma grande beleza natural, Arouca recebe anualmente a visita de quem aprecia paisagens de inesquecíveis panorâmicas, para as quais contribuem as águas dos rios Caima e Paiva, com as suas margens alcantiladas. De entre os vários pontos de interesse destacam-se a Serra da Freita, os montes de S. João de Valinhas ou da Pena Forcada, a Serra de S. Macário que proporciona igualmente um agradável percurso para excursões ou passeios turísticos, sobretudo através do Portal do Inferno. Destaca-se ainda a formosa Serra da Mó, rica em paisagens e aprazível, com a sua capela em honra da Senhora da Mó, e ainda as quedas da Aguieira e os Moinhos da Carreira. Finalmente e ocupando lugar de destaque, está a Frecha da Mizarela, no rio Caima, cujas águas se precipitam numa queda de cerca de 75 metros durante todo o ano. Nas suas encostas sustentam-se algumas aldeias em que a rusticidade das casas de xisto sobressai. Destacam-se ainda algumas aldeias, muito célebres pelas notáveis pedras parideiras, fenómeno único em Portugal e raro no resto do Mundo; e ainda alguns povoados antigos que guardam as ruínas das minas de volfrâmio, testemunhas de um passado não muito longínquo. Estas aldeias, de povoamento concentrado, mas distantes umas das outras, são o reflexo de uma sociedade onde o comunitarismo agro-pastoril prevaleceu.



Gastronomia : 

           Numa terra fértil, é natural que essa fertilidade faça parte da maneira de ser da sua gente e dos seus costumes, assim como da sua gastronomia. Deste modo, os valores gastronómicos mais típicos desta região são as barrigas de Freira, as bolas de S. Bernardo, o cabrito assado, as castanhas doces, as cavadas, os charutos de amêndoa, as fatias húmidas (pão de ló), o manjar de língua, os melindres, as morcelas de Santa Mafalda, o pão de ló, as roscas de amêndoa e a vitela assada.


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